Monday, May 21, 2007

Aposta

Naquele dia, anos atrás, apostei tudo no vermelho.
Sabia que ganharia. Ganharíamos os dois.
Mas e se?
E se, anos depois de a bolinha cair na côr certa, o mundo ruísse e saísse preto?

:-(

Hoje, como nunca antes, mataste um pedaco do que de bom resta dentro de mim.
Não é por aí que encontraremos o caminho certo.

Saturday, May 12, 2007

Estou aqui

Estou sempre aqui.
Procuras-me. Encontras-me. Sorris. Ris. Ficas contente. Sentes-te bem. És feliz outra vez. Minutos, horas.
Depois partes outra vez, agenda preenchida.
Eu continuo aqui. Sabes onde me encontrar.

Noites brancas

Olha-se para sul, noite escura. Desvia-se o olhar para norte, e o azul-claro do céu não deixa dúvidas.
As noites brancas estão a chegar. Eis uma das poucas coisas de que vou sentir falta quando buscar outras paragens. Da liberdade imensa de caminhar pela luz da noite. Do céu lusco-fusco reflectido na enseada do parque central. De sentir a geofísica a brincar com os meus dias.
Um mês, e vai estar o mar da meia-noite coberto por um sol que apenas se escondeu, tons de laranja ao rosa pastel, tantos, tantos, nem nas paletas dos impressionistas caberiam.

Friday, May 11, 2007

Linguagem

Que idioma se usa para dizer o que se sente? Como se explica a alguém com quem não partilhamos qualquer idioma que se está triste, contente, esfusiante, devastado?
Será preciso verbalizar para transmitir uma ideia? Ou olhar nos olhos diz mais do que as palavras são capazes?
"Babel" ilustra o poder da palavra. Ou, pelo menos, ilustrou-o para mim, porque vi o filme sem legendas e não percebi o que se disse em metade das cenas. Mas não foi preciso perceber para entender. Há coisas que são tão claras que dispensam sons com significado.

Thursday, May 3, 2007

Errância

Cruzar continentes, oceanos.
Desafiar os limites do mapa.
Sentir na cara o vento da manhã, olhar as côres do Pacífico ao fim da tarde.
Voltar a casa. Casa? Casa. Onde um homem pendura o chapéu, disse o mais errante dos errantes, quando descreveu a anatomia da errância. Não tenho chapéu. Mas tenho casa. Casa: é onde sentimos um sorriso quando, pela manhã, o sol nos entra pela janela.
Ou será que é onde encontramos quem procuramos e é por causa disso que sorrimos quando o sol entra pela janela? Já vi o sol através de muita janela, e não chamei casa a esses lugares.
Errando. Errante. Por aqui, por aí. Até. Até? Até a errância nos apontar um caminho sem saída. Casa. É aí. Abrimos a porta, entramos de mansinho, fechamos a porta. Inspiramos fundo e exalamos o que parece ser um volume de ar sem fim. Esquecemos os becos traicoeiros, e partimos para o futuro, que comeca no dia seguinte, com o sol a entrar pela janela.
Home is calling. A porta. A porta, onde está?